quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"Choquinho e bolinho da Alaíde" (Chico e Alaíde - Rio de Janeiro, RJ)



A tradição boêmia do Rio de Janeiro é leve, linda e informal graças a botecos como o Chico e Alaíde. 

Aberto em 2009, pode-se dizer que o bar é uma dissidência do Bracarense, pois foi lá que a mineira Alaíde e Francisco das Chagas Gomes, o Chico, trabalharam juntos por quase 20 anos. 



Alaíde era a responsável pelas delícias do Braca, enquanto Chico se tornou um dos garçons mais queridos da cidade. 

Foi ela quem criou o clássico bolinho de aipim com camarão e Catupiry, um dos pilares do Bracarense. 

Alaíde levou a receita para o seu bar, e cada bolinho, que agora leva o seu nome, custa R$4,20. 



É bem parecido com o do concorrente famoso. Mas é melhor, pois tem a cor mais viva, é mais temperado e tem massa mais leve, apesar de ser menos sequinho. Ponto para o Chico e Alaíde!



O cardápio oferece dezenas de opções entre petiscos, sanduíches, salgados e caldos. 

Alguns itens são semelhantes aos do Bracarense, como o bolinho de bacalhau (R$4,20 cada unidade), a empadinha de camarão (R$4,20 a unidade) e o sanduíche de pernil (R$13). 

Mas o que vale a ida ao boteco - além do bolinho da Alaíde - é o curioso choquinho. 



Trata-se de um camarão grande empanado, recheado com Catupiry e coberto por batata palha. 



O suculento camarão estoura na boca, enquanto a fina batata palha caseira dá a crocância ao petisco. O Catupiry é de verdade e não é usado em excesso. A função dele é confortar a alma de quem come.

O empanamento lembra um tempurá, e o legal é comer com as mãos, deixando a emoção rolar pelos dedos sem culpa alguma. 



Farto e saboroso, custa R$10 cada, e vai bem com o ótimo chope Brahma, a R$5,90 o copo com 300ml. 



Realmente os cariocas sabem tirar um bom chope. Afinal, é uma tradição da antiga capital do Brasil. 



Assim como ocorre no Bracarense, a dica é pedir para o garçom avisar quando saírem da cozinha os bolinhos e o choquinho, pois depois disso eles ficam à espera da clientela na estufa sobre o balcão. 









Com capacidade para 80 pessoas, o Chico e Alaíde vive cheio e está localizado numa esquina na parte boêmia do Leblon. A dica é chegar no final da tarde, quando boa parte das mesas ainda está disponível. 



O bar aceita cartões de débito e de crédito e funciona de segunda a quinta, das 11h:30 à meia-noite. Às sextas e sábados abre no mesmo horário e encerra os trabalho à uma da madrugada. E aos domingos abre às 11h:30 e fecha às 22h. 

O Chico e Alaíde é melhor que o Bracarense? 

A pergunta é difícil. Mas isso não importa. Afinal eles ficam no mesmo bairro e podem ser visitados no mesmo dia, como fez este blogueiro obcecado por novas aventuras pela baixa gastronomia. 




CHICO E ALAÍDE
Rua Dias Ferreira, 679 - Leblon
Rio de Janeiro, RJ
Tel: (21) 2512-0028
http://www.chicoealaide.com.br/

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"Pastel de feijão + feijoada" (Bar do Mineiro - Rio de Janeiro, RJ)



Um boteco informal, apertado, num bairro histórico e que serve a feijoada mais famosa do Brasil. Este é o Bar do Mineiro. 

Localizado no Largo dos Guimarães, em Santa Teresa, o Bar do Mineiro foi fundado em 1992 pela família Paixão, que saiu de Carangola, na Zona da Mata mineira, para oferecer aos cariocas e aos turistas de todo o mundo uma feijoada de respeito, que já levou figuras como Anthony Bourdain, Quincy Jones e Washington Olivetto ao velho sobrado que fica em frente aos trilhos do bondinho, que, pelo menos por enquanto, está desativado. 



Aos sábados e domingos o bar tem suas cadeiras ocupadas antes do meio-dia. Portanto, o negócio é colocar o nome na lista e esperar na fila. 



Durante este tempo, a alternativa é se espremer no balcão e comprar uma cerveja estupidamente gelada para ajudar a passar o tempo na calçada. 

As garrafas de 600ml custam de R$9 (Antarctica, Skol e Brahma) a R$12 (Serra Malte, Brahma Extra e Heineken). A Original sai por R$10. 



Boa opção de entrada é a porção de pasteizinhos de feijão, que se tornou marca registrada da casa e custa R$28. 



Com massa tradicional, o pastelzinho frito é, na verdade, recheado com feijoada. Dentro dele tem feijão preto, carne seca e couve. 



Fique atento ao berro do garçom que controla a fila e, quando chegar a sua vez, se ajeite em uma das mesas do salão. 



Com paredes revestidas de azulejos, o bar tem ambiente festivo, com pessoas falando alto. Por isso, não é difícil escutar a conversa que rola ao lado, já que as mesas ficam muito próximas umas das outras. 



Responsável pelo colorido, a decoração apresenta cartazes, muitas fotos e artesanatos. Algumas marionetes representam figuras como Tim Maia, Michael Jackson e Bezerra da Silva. 







Amada e cantada em verso e prosa por cariocas de todas as regiões da cidade, e por gringos que lotam o boteco, a feijoada do Bar do Mineiro é servida de terça a domingo em três tamanhos: para uma (R$36), para duas (R$55) e para três pessoas (R$80). 



Ela chega escoltada por arroz, farofa, couve e laranja. Ou seja, pelos acompanhamentos clássicos, sem invencionices desnecessárias como vinagrete ou batata frita. 



A feijoada não é tão boa quanto a da minha mãe, mas é melhor do que a maioria das versões que encontramos facilmente em qualquer esquina. 



Muito saborosa, a costelinha de porco desmancha na boca, fazendo deste o melhor momento da refeição. Linguiça defumada, carne seca e bacon são as outras carnes do cozido, que, infelizmente, não oferece orelha e rabinho. 



Preparada na manteiga, a boa farofa é servida com torresmos, que ficam com a responsabilidade de ser o elemento crocante do prato. Ideia simples e genial. 

Já a couve refogada vai agradar em cheio a quem gosta dela mais passada. 



A participação da pimenta é obrigatória, e a laranja adiciona sabor, além de ajudar a absorver um pouco da gordura de um prato naturalmente pesado. 





Farta, a feijoada grande serve bem até quatro pessoas. Observando com atenção, o mais brasileiro dos pratos está presente em quase todas as mesas do estabelecimento. 



Além da feijoada, alguns pratos, como a rabada com batata e agrião (R$48) e a carne seca desfiada com purê de abóbora (R$62), também são servidos diariamente. 

De segunda a sexta, de 11h as 17h, o Bar do Mineiro serve PFs por R$15. 



O Bar do Mineiro aceita cartões de débito e de crédito e funciona de terça a domingo, a partir das 11 horas da manhã.  

Após pedir a conta na versão carioca do Bolão, é hora de esperar a ambulância, já que comer três pratos de feijoada, num sábado em que o termômetro marcava 39 graus, é mais ou menos como levar um cruzado de esquerda do Mike Tyson. 



BAR DO MINEIRO
Rua Paschoal Carlos Magno, 99 - Santa Teresa
Rio de Janeiro, RJ
Tel: (21) 2221-9227
http://bardomineiro.net/

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"Sanduíche de linguiça" (Barraca do Uruguay - Rio de Janeiro, RJ)



Considerado por muitos o melhor ponto da praia no Rio de Janeiro, o Posto 9 é frequentado por jovens no auge da beleza, por famosos e pela esquerda intelectual carioca. 

Mas o que chama a atenção naquele pedaço da orla é a bandeira do Uruguai, que tremula majestosa na areia. 



Ao avistá-la, tenha certeza de que está prestes a experimentar uma das melhores comidas oferecidas na Zona Sul da Cidade Maravilhosa. 

Preparado a poucos metros do mar, o "sanduíche do uruguaio" é digno de aplausos. Mas, antes de escolher o recheio de sua preferência, vale a pena bater um papo com o '"boa gente" Milton Gonzalez. 



Natural de Canelones, cidade localizada a 50 quilômetros da capital Montevidéu, Milton é conterrâneo de Diego Lugano, capitão da seleção uruguaia de futebol. "Joguei com o pai dele por muito tempo e posso afirmar que era melhor que o filho famoso. Inclusive recebeu algumas propostas de times grandes para se profissionalizar, mas não aceitou", relembra com nostalgia. 

Torcedor do Nacional e flamenguista roxo, Milton chegou ao Rio em 1980, após fugir da ditadura em país (1973-1985), que chegou a prendê-lo e a torturá-lo quando era sindicalista. "Vim sozinho para o Brasil. Recebia um salário mínimo da Organização das Nações Unidas (ONU) e precisava pagar as contas da minha família no Uruguai", conta. 

Há 30 anos o Governo Brizola concedeu a licença e o uruguaio, como é conhecido, montou uma churrasqueira no Posto 9, de onde não saiu mais. "O carioca me acolheu. Hoje sou 'urioca', uma mistura de uruguaio e carioca", brinca, bem-humorado. 



Ao oferecer uma latinha gelada de Brahma (R$5) - as outras cervejas disponíveis são Skol e Antarctica -, ele apresenta sua esposa, Glória, que prepara os ingredientes em casa, na Tijuca, e os carrega para a praia, onde os sanduíches são montados somente após o pedido do cliente. 



As carnes são assadas na churrasqueira, que, infelizmente, não fica mais na barraca, pois foi proibida pela Prefeitura, para tristeza do chef e apresentador nova-iorquino, Anthony Bourdain, que já visitou o local em duas ocasiões. 



São quatro opções de sanduíches. O de linguiça é o clássico da casa e custa R$9. O de frango vale R$10, o de carne sai a R$12, e quem quiser o misto, com linguiça e boi, vai pagar R$14. 



Todos eles são preparados com pão francês, chimichurri e cebola. Há também a opção com pão de forma integral. 



Milton corrige e explica que na barraca dele não é chimichurri. É molho! "Os antigos chamam de molho até hoje. Agora é que usam o termo chimichurri, que advém dos ingleses", reclama o militante de esquerda entre um gole e outro de caipirinha.  





A versão preparada com linguiça é sublime. A carne de porco é bem temperada e de ótima qualidade.

Preparada na churrasqueira, a cebola oferece um sutil adocicado e o molho preparado por Glória não agride, apenas soma ao paladar. 









É tão leve e saboroso que comer apenas um seria pecado. 





O sanduíche de carne não fica atrás. O corte escolhido é a maminha, que tem sabor dos melhores churrascos, rosada e com uma fina capa de gordura que poderia ser chamada de amor. 

O molho, mais uma vez, não é colocado em excesso e, por isso, não rouba a cena da protagonista. Já a cebola eleva à décima potência o que já era bom. 







Tudo finalizado com uma pitada de tempero com toque de louro. 









Fazem sucesso também as caipirinhas (R$10, cada) e as caipivodcas (R$12, cada), preparadas pelo filho mais velho do casal, Marcelo Gonzalez, e disponíveis nos sabores de limão, carambola, kiwi, abacaxi e lima da Pérsia. 



A Barraca do Uruguay aceita cartões de débito e de crédito e funciona em todos os dias de sol, de 9h as 19h. No verão o atendimento é feito das 8h às 20h. 

A bandeira do Uruguai e o delicioso sanduíche de linguiça são símbolos de uma Ipanema que continua linda. Ao cliente de bom senso cabe se ajoelhar na areia e agradecer aos deuses por existir algo tão saboroso ao nosso alcance. 



BARRACA DO URUGUAY 
Praia de Ipanema - Posto 9
Rio de Janeiro, RJ