sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

"Uvita, tango e candombe" (Baar Fun Fun - Montevidéu, Uruguai)



Toda cidade grande do mundo possui pelo menos um lugar sagrado, cuja visita se torna obrigatória, seja para os moradores locais ou para os turistas. 

Em Montevidéu existe um lugar assim, e, como se não bastasse, ele ainda oferece uma bebida muita famosa criada no próprio local: a uvita. 

O Baar Fun Fun (pronuncia-se funfun) tem muita história. Fundado em 1895, já recebeu ilustres visitantes. Os gênios do tango Carlos Gardel e Astor Piazzolla passaram por lá. Assim como o ator Danny Glover, o músico Bryan Adams e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, entre outros. 

Funcionando ininterruptamente desde então, tem as paredes decoradas com quadros, fotos, reportagens sobre o local, cartazes e centenas de flâmulas e camisas de times de futebol, doadas por clientes de diversas partes do mundo. 



Não há programa melhor para um sábado à noite em Montevidéu do que visitar o Fun Fun e se divertir com o melhor do tango e do delicioso candombe, a salsa afro-uruguaia. 

É aconselhável fazer reserva, mas chegando antes das 22 horas é possível conseguir uma mesa. 

O ingresso, que custa 160 pesos uruguaios (R$19,50) às terças e quartas, e 190 pesos (R$23) de quinta a sábado, deve ser pago na entrada e em dinheiro. Ele dá direito a um ticket que vale uma uvita. 



Uvita é a emblemática e adocicada bebida criada no Fun Fun. Só existe por lá e, inclusive, foi patenteada. 

Sua composição é misteriosa. Sabe-se apenas que é à base de vermute. É servida gelada e lembra um licor. É doce, apesar de ser menos do que eu imaginava. Uma ou duas doses bastam. É gostosa e remete a morango. Cada dose vale 60 pesos (R$7,30). 



Boa opção para seguir a noite é a cerveja Patrícia, envasada em garrafa de 600ml, a 155 pesos uruguaios (R$18,90) cada. 

Para comer, o cardápio, disponível em português, oferece picadas (petiscos), pizzetas e cambalaches (sanduíches, pratos com massas ou carnes, pasteizinhos e nuggets). 

Entre as picadas, a piazolla - em homenagem a um dos papas do tango - chama atenção. Biscoitos, pão, pimentinha, queijo, nuggets de frango, misto quente, longaniza (embutido espanhol), batatas fritas e três rolinhos primavera compõem a porção, que custa 390 pesos (R$47,50). 



A ótima longaniza lembra um salame de gosto bem forte. O queijo é um parmesão fresco, e a ideia do mini misto quente é genial. O saboroso pão que acompanha a porção chega quentinho à mesa. Molho tártaro acompanha os nuggets. 





São cinco apresentações durante a noite. Todas excelentes. Na primeira, dois exímios dançarinos de tango deixam os clientes embasbacados. O segundo set é formado por dois ótimos músicos - um violonista e um bandoneonista - que tocam tango instrumental. 







O terceiro show é com os dois músicos veteranos da parte instrumental, só que acompanhados por um cantor dotado de um vozeirão, com cara de charlatão, sedutor e 171. Ele quase chora durante as canções mais tristes e troca olhares com senhoras que estão nas mesas. Um dos pontos altos é o clássico de Gardel, "Por Una Cabeza", que tem o refrão cantando em couro pelo público. 





Na quarta parte os dançarinos voltam. Vale ressaltar que na parte deles a música é mecânica, pois o palco é muito pequeno e não há lugar para músicos e bailarinos ao mesmo tempo. 



E, para fechar com chave de ouro, um empolgante e espetacular trio de candombe sobe ao palco. É aí que todos se levantam, em especial os casais da velha guarda. Eles dançam sem parar até altas horas. 





O candombe nasceu da mistura de ritmos africanos com sonoridades europeias. 

Entre um show e outro, cai bem uma pizzeta. Razoável, ela serve duas pessoas. A "el día que me quieras" homenageia uma canção de Gardel e leva molho de tomate, bacon e muçarela. Custa 220 pesos uruguaios (R$27). 

O Baar Fun Fun mudou-se em 2014 para o seu endereço atual, mas deve voltar em 2017 para o Mercado Central da Cidade Velha (não confunda com Mercado del Puerto), que está em reformas. 

O atual proprietário do boliche (bar com música, em castelhano) é Gonzalo Acosta López, bisneto do fundador, Augusto López. 



Funciona de terça a sábado, a partir das 20 horas. Cobra serviço (10%). Não trabalha com cartões de crédito e de débito mas aceita real como forma de pagamento. 

Apesar de turístico, o Fun Fun soa autêntico e tem um astral maravilhoso. 

Ah, e reza a lenda que Carlos Gardel cantou por lá. E só isso já valeria a visita. 





BAAR FUN FUN
Calle Soriano, 922 (esquina com Convención)
Montevidéu (Uruguai)
Tel: (+598) 2904-4859
http://www.barfunfun.com/