domingo, 29 de maio de 2011

"Empada aberta de camarão com Catupiry" (Boteco Belmonte - Rio de Janeiro, RJ)

A massa leve e saborosa, o Catupiry em generosa quantidade e os fartos camarões confortam o corpo e a alma já na primeira garfada. A empada aberta do Boteco Belmonte deveria ser tombada como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro.

A perfeita empada do Belmonte (reprodução internet)

Motivos não faltam para isso. São camadas de sabor, a começar pela fina massa, que está ali apenas para servir de cama para os camarões perdidos em meio ao verdadeiro requeijão da marca Catupiry, o único que pode ser chamado por este nome. Para finalizar, um belo camarão vai de ponta a ponta da empada.

Some-se a isso o delicioso contraste do queijo gratinado sobre o Catupiry, formando uma casquinha irresistível sob o camarão principal. O ideal é comer com garfo e faca, já que o farto recheio pode cair no caso de usar apenas as mãos para levar a empada à boca.

Custa R$7,50 e vale cada centavo gasto.

Empada aberta de camarão com Catupiry custa R$7,50

Aberto em 1952, o Belmonte está presente em sete endereços na Cidade Maravilhosa. A unidade de Copacabana possui amplo salão interno decorado com centenas de garrafas e quadros que exaltam o bar, que também conta com algumas mesas na varanda.

O amplo salão interno da filial Copacabana

Hits da casa, as empadas desfilam sobre uma grande forma de alumínio equilibrada por um dos garçons.

As empadas são os hits do Boteco Belmonte

As mais disputadas são as empadas abertas de camarão com catupiry, de siri (R$7,50) e de carne seca com catupiry (R$7).

Para quem não se interessou, o cardápio do local lista mais de 150 opções entre bolinhos, petiscos, caldos, sopas, saladas, pizzas e pratos com carnes e peixes. Além de seus famosos pastéis e sanduíches.

Dentre essa gama de opções estão as ótimas batatas portuguesas, que são aquelas do tipo chips. Crocantes e sequinhas, elas são cortadas finamente e chegam bem quentes à mesa. A porção custa R$15 e é uma bela pedida para acompanhar o bem tirado chope Brahma, a R$4,20.

Batatas portuguesas acompanham bem o chope

Vale a pena pedir também o chope Brahma Black, a R$6. Leve e extremamente cremoso, quando colocado no copo produz um efeito cascata lindo de se ver. A bebida escura equilibra um moderado amargor a um leve toque adocicado.

O Brahma Black ainda não chegou a Belo Horizonte, mas pode ser encontrado, além do Rio, em algumas capitais, como São Paulo e Curitiba.

Efeito cascata é um dos charmes do Brahma Black

A clientela do Belmonte é uma mescla de jovens e de experientes, e o falatório traduz a alegria do carioca, que sabe aproveitar a vida como poucos.

O boteco de estilo português aceita todos os cartões de crédito, e o atendimento é rápido, graças à grande quantidade de garçons.

Vale a pena conhecer o local, seja no happy hour ou no adentrar da madrugada. E se for pedir a empada aberta de camarão com catupiry, saiba que, pelo menos por um instante, o mundo estará em perfeita harmonia.

O Belmonte está em sete endereços no Rio de Janeiro


BOTECO BELMONTE
Rua Domingos Ferreira, 242 - Copacabana
Rio de Janeiro (RJ)
Tel: (21) 2255-9696

*Veja também: Pastel de camarão (Batista Bar - Barbacena, MG) - http://bit.ly/dctGTs

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Torresmo de barriga" (Patorroco - Belo Horizonte, MG)

Torresmo, em Minas Gerais, é tratado como assunto de Estado. Por aqui, algumas casas o preparam com muito esmero, mas a maioria oferece algo que não merece ser chamado por este nome.

O problema é que em Belo Horizonte grande parte dos donos de boteco acha que sabe fazer torresmo, assim como boa parcela dos brasileiros acha que sabe preparar um bom churrasco.

Após muita procura, encontrei o torresmo perfeito no Patorroco, simpático boteco localizado na esquina das ruas Turquesa e Pedra Bonita, no bairro Prado.

Esquina de Turquesa e Pedra Bonita, onde fica o bar

Sequinho e crocante por fora, o imoral e pornográfico torresmo tem quantidade generosa da mais suculenta carne de barriga do porco, e chega à mesa acompanhado da saborosa geléia de abacaxi com pimenta.

O imoral e pornográfico torresmo de barriga

Para os liberais, o molho funciona muito bem e tem a função de “quebrar” o excesso de gordura natural do corte. O abacaxi se destaca e a temperatura fria cria um contraste interessante com o estouro dos pequenos pedaços de barriga suína na boca.

Os conservadores podem dispensar o molho, pois o torresmo do Patorroco dá conta do recado sozinho. A porção custa R$17,90.

Geléia de abacaxi com pimenta acompanha o corte do porco

Conhecido por oferecer ótima comida, mas sem perder o clima de bar, o Patorroco tem na apresentação dos pratos um de seus grandes trunfos. São petiscos para comer com os olhos também.

Destaque também para a porção de carne de panela com mandioca cozida, a R$25,90, e para o curioso acarajé mineiro (bolinho de feijão, creme de milho com queijo substituindo o vatapá, mamão verde refogado no lugar do vinagrete e lingüiça desconstruída fazendo as vezes do camarão), que representou o bar no festival Comida di Buteco em 2007. Custa R$24,50, a porção com 8 unidades, R$14,90, a meia porção, e R$4,50 a unidade.

O local é um ponto de encontro de jipeiros, já que o proprietário Marcos Machado, cujo apelido dá nome ao estabelecimento, é um apaixonado por trilhas e aventuras sobre quatro rodas, e as mesas espalhadas pelo salão interno e pela calçada estão sempre cheias.

O disputado salão interno do Patorroco


Além das cervejas Bohemia (R$5,50), Brahma Extra (R$5,90) e Original (R$5,90), o cardápio oferece chope Krug Bier (R$3,90) e cinco rótulos de cachaça, com preços que variam de R$3,90 a R$8.

O Patorroco aceita somente cartões de débito Mastercard e funciona de segunda a sexta-feira, das 17h às 23h:30, e aos sábado e feriados de 12h as 23h.


PATORROCO
Rua Turquesa, 865 - Prado
Belo Horizonte, MG

segunda-feira, 9 de maio de 2011

"Homus e quibe cru + carne damasco" (Bar do Toninho - Belo Horizonte, MG)

Vila Árabe e Tenda do Sheik são duas ótimas casas especializadas em culinária libanesa em Belo Horizonte. A primeira tem cardápio requintado e preços salgados. Já a segunda é uma agradável choperia com mesas na calçada.

Mas qual seria a solução para os amantes da chamada comida árabe que não abrem mão de um bom boteco?

A resposta veio por meio de alguns amigos que indicaram o Bar do Toninho, no bairro Serra.

Aberto em 1958 como armazém e transformado exclusivamente em bar em 1983, o "Toninho" é um boteco à moda antiga, que tem 10 mesas distribuídas pelo pequeno salão e que não tem cardápio individual, e sim um quadro na parede que indica todos os itens oferecidos e seus respectivos preços.


O atendimento é feito pelo proprietário que dá nome ao bar e por seu filho, Daniel, e o preparo dos petiscos fica a cargo da família.


A maior atração é a porção mista de homus (pasta de grão de bico) com quibe cru, a R$12.


O espetacular homus é cheio de vida, e não tem aquele sabor residual que, não raramente, encontramos por aí.

Já o ótimo quibe cru é preparado com carne magra, tem sabor suave e quantidade equilibrada de trigo.

Deve-se ressaltar o cuidado na montagem do prato, que, antes de chegar à mesa, recebe uma generosa quantidade de azeite e pequenos bastões de cebola crua, que são distribuídos sobre a porção.

Todo este trabalho fica a cargo do próprio Toninho.




Na estufa refrigerada do bar chama atenção também a carne damasco, que é um petisco frio preparado com finas fatias de lagarto, cebolas roxas e brancas cruas, pimentões vermelho e amarelo, damasco e orégano. Ela é leve, saborosa e conquista pelo frescor, como tudo que é servido no bar. Custa R$15.


Acompanhamento ideal, o pão sírio é o único item não preparado na casa. Ele já chega partido em pequenos triângulos e custa R$0,65 cada.

Fazem sucesso também a boa esfiha fechada de carne (R$2,50) e o quibe (R$2,50), que é apenas regular, mas que só é frito após o pedido do cliente.

Outro fator positivo é que a cerveja do local sempre chega à mesa estupidamente gelada, muitas vezes com o chamado "véu de noiva", que é quando a garrafa fica branca por fora devido ao seu resfriamento. Daí a menção honrosa que recebeu do Festival Comida di Buteco em 2003 por ter a cerveja mais gelada entre os bares participantes. Brahma, Skol e Antarctica são os rótulos oferecidos a R$4. Cada garrafa de Bohemia, Original e Serra Malte custa R$5.

Por falar em Comida di Buteco, o Toninho não participa desta edição e, por isso, é uma ótima opção para quem quer fugir da confusão dos bares participantes, que estão sempre lotados e, muitas vezes, com atendimento caótico.

Outros indícios de que o estabelecimento é um bar à moda antiga são a não aceitação de cartões de débito e de crédito, a clientela predominantemente masculina e composta por moradores da vizinhança, e a comanda, que chega à mesa com anotações feitas à caneta.

O Bar do Toninho não cobra os 10% relativos ao serviço de garçom e funciona de segunda a sexta, das 17h:30 às 23 horas, e aos sábados, de 14h às 18h. Toda terça tem charuto de repolho.

Mas atenção, tudo indica que, se você for ao "Toninho" uma única vez, há grandes chances de se transformar em freguês assíduo deste agradável boteco familiar.




BAR DO TONINHO
Rua Níquel, 246 - Serra
Belo Horizonte, MG