quarta-feira, 30 de maio de 2012

"Empanada assada de carne picante" (El Sanjuanino - Buenos Aires, Argentina)


As empanadas mais famosas da Argentina saem da cozinha do tradicional El Sanjuanino, restaurante localizado no bairro da Recoleta.

Recoleta do cemitério mais famoso da América Latina, de incontáveis e arborizados parques, do Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires) - onde se encontra o "Abaporu", a mais famosa obra da brasileira Tarsila do Amaral - e da Praça das Nações, onde fica a futurística Flor de Aço.


A nobre Recoleta de famosas grifes, da imponente Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, de largas avenidas e onde moram os mais poderosos e abastados do país.


Mas nem por isso paga-se muito para comer boas empanadas na região.

Presente em qualquer guia de bares e restaurantes da cidade, El Sanjuanino funciona há mais de 50 anos e já foi destaque até no New York Times.

Entre os nove sabores disponíveis, a empanada de carne picante é a vedete.

Excelente, ela é recheada com carne bovina picada na ponta da faca, ovo cozido, cebola e uma azeitona verde inteira.

O sabor da pimenta se destaca. Por isso não é aconselhável para quem tem intolerância a condimentos fortes.


Outras opções são carne suave, choclo (milho), jamon y queso (presunto e queijo), queso y cebolla (queijo e cebola), verdura (acelga, espinafre, cebola e salsa), napolitana, roquefort e a ótima de pollo (frango).

Cada uma sai a 9 pesos argentinos (R$3,60), e não é muito difícil comer duas ou três delas.


A massa poderia ser um pouco mais firme. Diante disso, não tenho receio algum em afirmar que a empanada criolla (recheada com carne de boi picada na ponta da faca, cebola, azeitona verde e ovo cozido em pedacinhos) da Pizza Sur é do mesmo nível das famosas gran sanjuaninas.

Para acompanhar, uma boa pedida é o vinho da casa, cuja jarra grande sai a 30 pesos (R$12), rende oito copos e deixa duas pessoas bem felizes ainda na metade do pinguim.


Sem pretensão alguma, o vinho é apenas regular, mas vale pela economia. Afinal de contas, com R$6 uma pessoa sai dali flutuando e rindo até "atrás das orelhas".


A jarra média custa 22 pesos (R$8,80), a pequena sai por 17 pesos (R$6,80) e a taça por 14 pesos (R$5,60).

Estes mesmos preços valem para os brancos e rosés da casa.

A carta ainda oferece rótulos que variam de 40 pesos (R$16) a 280 pesos (R$112).

Se a opção for cerveja, a Quilmes 3/4 (600ml) vale 24 pesos (R$9,60) e a garrafa com 1 litro custa 29 pesos (R$11,60).

Estes valores provam que o pão líquido é caro na Argentina, e que o custo/benefício do vinho naquele país é bem melhor.

As empanadas de carne suave e picante também são servidas na versão frita.


Saborosas, custam 10 pesos (R$4) cada.


Constam também no cardápio pratos regionais à base de carnes e massas, além de sobremesas.

O restaurante está presente em outros dois endereços e os 10% relativos ao serviço de garçom não são cobrados.


Como dizem por lá, comer é um ato biológico, e comer em El Sanjuanino é um ato cultural.



EL SANJUANINO
Posadas, 1515 - Recoleta
Buenos Aires (Argentina)
Tel: +54 11 4804-2909

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"Helado de dulce de leche" (Nonna Bianca - Buenos Aires, Argentina)


San Telmo é muito mais que a feira de antiguidades que acontece todo domingo na Praça Dorrego.

Caminhar por lá é um dos programas mais bacanas de Buenos Aires, graças à sua fascinante arquitetura e a suas estreitas calçadas que abrigam centenas de antiquários, brechós, galerias de arte e lojas de decoração, das mais clássicas às mais modernas e descoladas.

Um dos bairros mais antigos e boêmios da capital argentina, San Telmo é cheio de bares, cafés, pubs e restaurantes.


Um passeio pela graciosa San Telmo começa na esquina das ruas Chile e Defensa, onde fica a escultura de Mafalda, a protagonista da tirinha mais popular do país.


E fica mais alegre após uma passada na sorveteria Nonna Bianca.

Localizada na Rua Estados Unidos, quase na esquina de Defensa, fica em frente a uma unidade da toda poderosa e turística Freddo.

A Nonna Bianca é uma sorveteria de bairro, frequentada por quem mora ou trabalha na região.


Vale a pena entrar na simpática loja e escolher um ou dois dos quase 50 sabores de sorvetes produzidos ali mesmo.


São oferecidos copinhos e casquinhas em quatro tamanhos, que custam de 10 pesos (R$4) a 14 pesos (R$5,60). A opção mais cara dá direito a três bolas ou a duas bolas e um acompanhamento, que pode ser confete ou bolinhas de chocolate.




O helado de dulce de leche (sorvete de doce de leite) é espetacular, cremoso no ponto certo e com sabor equilibrado, ou seja, não é enjoativo. A casquinha grande sai a 12 pesos (R$4,80).

Definitivamente é um sorvete inesquecível.


Fazem sucesso também os outros sabores preparados com o doce mais amado pelos argentinos. O super dulce de leche contém pedaços de bombom, e o dulce de leche granizado é feito com flocos de chocolate.


As casquinhas são crocantes, e outras receitas de destaque são nutelatte (Nutella com leite), o ótimo de pistache, cerveja, menta, tiramisù, marrom glacê, baunilha e passas ao conhaque.


A Nonna Bianca possui serviço de entrega em domicílio e oferece embalagens para compras maiores. Duzentos e cinquenta gramas de sorvete saem por 16 pesos (R$6,40), quinhentos gramas custam 32 pesos (R$12,80) e um quilo vale 64 pesos (R$25,60).

A vida é feita de pequenos prazeres, e na Nonna Bianca eles começam logo na entrada, quando o cliente é tomado por um suave e delicioso cheiro de sorvete artesanal, que paira no ar sobre seus bancos, mesas e balcão de madeira.

E o ápice é a felicidade alcançada ao experimentar tão sublime doce.






NONNA BIANCA
Estados Unidos, 425 - San Telmo
Buenos Aires (Argentina)
Tel: 4362-0604

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Provoleta com jamon crudo, tomates secos e albahaca + ojo de bife premium" (La Cabrera - Buenos Aires, Argentina)



Após receber inúmeras recomendações de amigos a respeito da Parrilla La Cabrera, me senti tentado a conhecê-la. Afinal, nem só de baixa gastronomia vive o homem.

Requintado, o restaurante não estava na pauta do blog, já que ele não se encaixava no conceito do mesmo.

Eis que descubro que ali é possível comer como um rei e pagar R$60 num jantar para duas pessoas, com uma garrafa de vinho incluída neste valor.

Portanto, seria uma canalhice de minha parte se o raro leitor não recebesse esta valiosa dica.

Caminhando pelas ruas de Palermo em direção ao La Cabrera, chamou-me atenção a movimentação de jovens europeus em frente ao restaurante, que ainda nem aberto estava.

Após rápida conversa com um dos garçons, fui informado que de terça a domingo, das 19 às 20 horas, todo o cardápio do local tem 50% de desconto.



As portas são abertas e a pequena fila, formada por cerca de 15 pessoas - todas estrangeiras -, se dissipa rapidamente pelas mesas do salão, já que a promoção só vale para quem estiver na área interna do restaurante.



Em menos de cinco minutos o garçom já está colocado ao lado da mesa para anotar os pedidos, da entrada à sobremesa. Afinal, são apenas 60 minutos em que o deleite completo custa o equivalente a uma comida de boteco em Belo Horizonte.

Como o prato principal demora cerca de 20 minutos para ficar pronto, dá para apreciar sem muita pressa a deliciosa provoleta com jamon crudo, tomates secos e albahaca (provoleta com presunto cru, tomates secos e manjericão), que custa 82 pesos e 50 centavos (R$33), mas que na happy hour sai por 41 pesos e 25 centavos (R$16,50).

A porção para duas pessoas chega borbulhando sobre uma pequena panela de ferro e, com uma colher, é servida pelo garçom.



A consistência do provolone é perfeita. O queijo é crocante por fora e derretido por dentro, e o perfume do pesto de manjericão exala pelo interior do presunto cru.

Especialidade da casa, o belo ojo de bife premium de 400 gramas vale 103 pesos e 50 centavos (R$41,40) no cardápio, e sai por 51 pesos e 75 centavos (R$20,70) no horário econômico.



Bem assado por fora e suculento por dentro, o macio miolo do contrafilé chega exatamente da maneira que o cliente pede quando interrogado pelo garçom a respeito do ponto da carne.



O tempero respeita o corte bovino e não mascara seu sabor.



O prato principal chega acompanhado de pequenas porções de molho agridoce, tomates secos, purês de ervilha e de batata, queijo cremoso fundido, vagem picada e conserva de alho assado com mini cebolas.

Destaque para o leve e cremoso purê de batatas e para a sublime conserva de alho, que se desmancha quando passada sobre os pãezinhos do couvert.





Para beber, o bom Cruz Alta malbec safra 2010 é uma das 100 opções que a carta de vinhos oferece.

De corpo médio-leve e produzido na província de Mendoza, tem preço convidativo: 67 pesos e 50 centavos (R$27), e 33 pesos e 75 centavos (R$13,50) no horário de 18h as 19h.



Tudo isso, mais uma água gasosa em garrafa de 1 litro, saiu a 152 pesos e 25 centavos (R$60,90), já com os 50% de desconto e com a taxa de cubierto no valor de 14 pesos (R$5,60) por pessoa. É opcional o pagamento dos 10% relativos ao serviço de garçom. (Saiba o que é cubierto neste post).

Parece mentira, afinal tem pizzaria na capital mineira que cobra este valor por uma redonda de oito pedaços.

O cardápio do La Cabrera é extenso, com duas opções de massas e muitas de entradas, guarnições e carnes feitas na parrilla.

A casa abre todos os dias da semana e, para minha surpresa, se transformou numa bela pauta por oferecer comida farta, bem feita e, na ocasião, com custo benefício vantajoso.

Fica a dica para quem pretende unir requinte, sabor e preço baixo, mesmo que seja por apenas uma hora.









PARRILLA LA CABRERA
Cabrera, 5099 - Palermo Soho
Buenos Aires (Argentina)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

"Chicharrón de queso e taco al pastor con queso" (La Fábrica del Taco - Buenos Aires, Argentina)



Um lugar descolado, agradável e com comida bem feita. Assim é La Fábrica del Taco, restaurante localizado no bairro Palermo Soho, em Buenos Aires.

Aberto em 2008, este pedacinho do México é a bola da vez na capital argentina.

Com cadeiras altas, distribuídas pelo balcão externo, e mesas na calçada e na área interna, o restaurante é frequentado basicamente por jovens, que fizeram dele um dos lugares mais badalados da cidade.





A decoração dos ambientes é um show à parte. Caveiras fofas que remetem ao Dia de los Muertos - a grande celebração mexicana de origem indígena -, máscaras de lucha libre (luta livre) e imagens da Virgem de Guadalupe, padroeira do México, estão por todo lado.









Mas o grande barato são as homenagens ao seriado Chaves, conhecido como "El Chavo del Ocho" pelos de língua espanhola.

Esta é a temática dos banheiros, que receberam, sobre suas portas, placas com indicação de chavas, para as mulheres, e de chavos, para os homens.







O personagem imortalizado por Roberto Bolaños também está representado no cardápio através do doce refresco de tamarindo, ou "agua fresca del Chavo", que chega em copo grande de vidro e que custa 11 pesos argentinos (R$4,40).



Constam no cardápio doze rótulos de tequila e três de cerveja, entre elas duas mexicanas: Negra Modelo e Corona, a 20 pesos (R$8) cada long neck.

O balde com cinco unidades da ótima e refrescante Corona é uma boa pedida, já que sai por R$90 pesos (R$36).

A garrafa é servida com um pedaço de limão no gargalo.



À noite a carta de bebidas fica mais interessante com a inclusão de cinco opções de mojitos e de seis tipos de margaritas.

Para a entrada, vale a pena experimentar o chicharrón de queso, um saboroso e enorme pedaço de queijo preparado na chapa.



Com casquinha crocante, parece um torresmo de queijo, e deve ser comido com as mãos. Bom para acompanhar a cerveja, sai por 22 pesos (R$8,80) e serve de duas a três pessoas.



Mas o melhor está por vir quando o clássico da casa, taco al pastor con queso, é a pedida.

Ele chega à mesa sobre prato de plástico duro - o que mostra a informalidade do lugar -, aberto e coberto com carne de porco e queijo. Duas finas fatias de abacaxi o acompanha.



Cabe ao cliente fechar o taco, colocar um pouco da cebola crua picada com coentro, que fica sobre a mesa, e se deleitar.

Com consistência perfeita, a excelente tortilla à base de milho é recheada na medida para evitar bagunça na hora de levá-la à boca.

Custa 17 pesos (R$6,80).



A carne de porco - cerdo para los hermanos - é condimentada e crocante nas pontas. Assada num espeto vertical, ela é cortada em lascas antes de ser servida.



Tudo sob a supervisão do mexicano Luis Armenta, que comanda a cozinha da Fábrica del Taco.



O cara é tão figura que já participou até de videoclipe. (Clique aqui para assistir).

Em relação às pimentas, elas estão disponíveis em forma de molho e em três graus de ardência: pouco picante, picante regular e muito picante.



Quem quiser algo mais forte pode fazer uso do chili, um mix de pimentas bem concentrado que sai do balcão direto para pequeninos potes que ficam sobre as mesas.



Outras opções de tacos, como o de carne assada, que vale 11 pesos (R$4,40), e quatro tipos de hambúrgueres, entre eles um vegano, são oferecidos no cardápio.

O estabelecimento não cobra taxa de entrega em domicílio e não aceita cartões de crédito e de débito. Os 10% relativos ao serviço de garçom também não são cobrados, apesar de haver um carimbo na comanda que recomende o pagamento.

Funciona de terça a domingo e fecha às 3 horas da madrugada nos finais de semana.

La Fábrica del Taco é um autêntico restaurante mexicano, com ótima comida, cerveja gelada e decoração criativa.

Por isso, vale a pena passar algumas horas comendo e bebendo ao som da vibrante música latina que não cessa no som da casa.




LA FÁBRICA DEL TACO
Gorritti, 5062 - Palermo Soho
Buenos Aires (Argentina)
Tel: 4832-0815
http://www.lafabricadeltaco.com/