quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Kaol com linguiça" (Café Palhares - Belo Horizonte, MG)



Se você é de Belo Horizonte e nunca ouviu falar em kaol ou Café Palhares, pergunte a seu pai, algum tio ou amigo. Vai ser difícil alguém não conhecer. 

Aberto em 1938, o Café Palhares fica no centro da capital mineira e foi reduto de boêmios nas décadas de 1940, 50 e 60, quando funcionava 24 horas por dia, sendo frequentado por pessoas de variados estilos e classes sociais, entre elas importantes figuras, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek. 

Mas o que fez a fama do lugar foi o kaol, PF batizado pelo jornalista e compositor Rômulo Paes com as iniciais de cachaça (com K mesmo, para dar mais pompa ao prato), arroz, ovo e linguiça.

O kaol do nosso tempo é mais incrementado, e ganhou a companhia de couve, torresmo e farofa de feijão. Isso mesmo, não é tropeiro, pois não há bacon, ovos ou linguiça calabresa misturados ao feijão. Além disso, a farinha é mais fina.

Para completar e contrabalancear a farofa, o prato é coberto por um molho de tomates.



São cinco opções de carne. Além da clássica linguiça de porco, produzida diariamente no próprio restaurante, há os pratos com carne cozida, língua e dobradinha, a R$7,40 cada. O de pernil sai a R$8,20. Quem quiser experimentar duas opções de carne vai pagar R$12.

O destaque fica, obviamente, para o clássico da casa, ou seja, o prato servido com a ótima linguiça fresca, que é, naturalmente, o de maior saída.




O Café Palhares não conta com mesas. As pessoas se sentam nas cadeiras altas que ficam em frente ao balcão em formato de letra U, de onde se vê toda a preparação dos pratos que se tornaram uma entidade gastronômica da capital mineira.





Caso não encontre um banco vago ao chegar - o que é comum acontecer -, entre na fila e espere o seu lugar  tomando um chope na porta do restaurante.

As filas de desfazem rapidamente, já que o giro é grande, o que garante também o frescor da comida, que é preparada e servida de 10 da manhã às 11 da noite.

Para a minha surpresa, o chope da Nova Schin (R$2,90) é leve, cremoso, gelado na temperatura ideal e muito bem tirado pelos garçons da casa.

"As tulipas são guardadas em uma geladeira e a chopeira é limpa periodicamente", conta o proprietário Luiz Fernando Ferreira, que, ao lado do irmão e sócio, João Lúcio Ferreira, toca o negócio há décadas.



Se mesmo assim, você ainda não se convenceu a fazer uma visita ao Palhares, vá em busca do karacol de pernil (tradicional pernil do Palhares, servido em forma de caracol, regado com molho picante de abacaxi e acompanhado de hortaliças, fios de couve e pão árabe), prato vencedor da edição 2009 do concurso "Comida di Buteco". 

O Café Palhares tem suas paredes repletas de prêmios e de reportagens a respeito do local, e só aceita dinheiro como forma de pagamento.

Funciona de segunda a sábado, a partir das 6 horas da manhã. Durante a semana fecha às 23 horas e, aos sábados, às 22 horas.

É como diz o ditado, para ser um mineiro de verdade é preciso comer um kaol ao menos uma vez na vida.



CAFÉ PALHARES
Rua Tupinambás, 638 - Centro
Belo Horizonte, MG
Tel: (31) 3201-1841


NOTAS E ATUALIZAÇÕES DO EDITOR EM 31 DE MARÇO DE 2015

*Atualmente, as opções de kaol com linguiça, dobradinha, carne cozida e língua saem por R$15 cada. O prato com pernil custa R$17. Já o kaol com duas opções de carne vale R$24. O preço do chope é R$5,50. 

**O karacol de pernil não faz mais parte do cardápio da casa.

Boas-vindas

Neste primeiro post quero agradecer aos companheiros que sempre deram uma força e que me acompanham nas andanças por bares, restaurantes e biroscas de Belo Horizonte.

Espero fazer deste espaço uma verdadeira ode à baixa gastronomia de qualidade.

Meu desejo é de que todos se divirtam por aqui.

Sejam bem-vindos ao mundo da fartura!