segunda-feira, 16 de abril de 2012

"Rabas al limón, ojo de bife e tortilla a la española" (El Obrero - Buenos Aires, Argentina)



Do outro lado da Avenida Almirante Brown, na rua das oficinas mecânicas, num ponto afastado e nada turístico do bairro de La Boca, em Buenos Aires, se localiza o El Obrero, um bodegón onde é oferecida ótima comida a preços convidativos.

Com paredes repletas de antigas garrafas de cerveja, de quadros negros que informam as opções do cardápio do dia, de flâmulas de diversos times de futebol e de fotos de clientes famosos, o El Obrero tem clima informal e uma atmosfera maravilhosa.





Por ali já passaram dezenas de personalidades, entre elas Francis Ford Coppola, o baterista do Metallica, Lars Ulrich, o cantor Manu Chao, o técnico de futebol Carlos Bianchi e os integrantes do U2, Bono e Larry Mullen Jr., que conheceram o restaurante graças ao convite do cineasta alemão Wim Wenders.



O local é uma espécie de templo "xeneize maradoniano".

Explica-se. Fotos emblemáticas do Club Atlético Boca Juniors e de Diego Armando Maradona estão espalhadas por todos os cantos.





"Boca és el mejor del mundo. E Maradona és mas grande que Pelé y Messi", entusiasma-se um dos proprietários, o baixinho Pablo Castro, que faz questão de atender os clientes como mais um dos garçons da equipe.

Ele afirma que "El Pibe Diego" já parou seu Mini Cooper na porta do bodegón, mas que não entrou.



O cardápio da casa oferece mais de 100 opções de carnes, omeletes, batatas, pescados, massas, saladas e sobremesas.

O couvert é formado pela tradicional cesta de pães, além de manteiga e azeite.



Para a entrada, as rabas al limón (anéis de lula à milanesa, acompanhados de limão) são imperdíveis. Afinal, elas são responsáveis por boa parte da fama do local.



Custa 45 pesos argentinos (R$18). A meia-porção sai a 38 pesos (R$15) e serve muito bem duas pessoas.



O casamento ideal para o bem preparado petisco, que, diga-se de passagem, não ficou borrachudo nem quando esfriou, é com a ótima cerveja Quilmes, que vale 23 pesos (R$9,20) na versão de 1 litro, e 19 pesos (R$7,60) a garrafa de 600ml.



Especialidade da casa, o ojo de bife especial é uma carne perfeita, pois é macia e entremeada por um pouco de gordura.



O suculento miolo do contrafilé tem cerca de 400 gramas e dá para duas pessoas. Custa 64 pesos (R$26).



Um pouco do perfumado chimichurri da casa basta para acrescentar sabor ao corte preparado na parrilla.



Para acompanhar, o atencioso Pablo Castro é enfático: tortilla a la espanõla!

Ele diz que é um clássico, já que ela foi colocada no cardápio por seu pai, que era espanhol e assumiu o El Obrero em 1954.

Deliciosa, a tortilla é preparada com ovos, batatas, cebola e linguiça.



Trata-se de uma espécie de omelete gorda, recheada com batatas cortadas grosseiramente, finas rodelas de cebola e linguiça calabresa de ótima qualidade.

É um prato farto e de personalidade. Custa 24 pesos (R$10).



Aberto em 1902, o El Obrero mantém o clima retrô e é cultuado por muitos portenhos.



Na comanda, que chega à mesa com anotações feitas à caneta, são adicionados 10 pesos (R$4) relativos ao cubierto, que é aquilo que o restaurante cobra para garantir a reposição do que é considerado importante oferecer ao cliente, como copos, guardanapos de pano, talheres etc. Essa taxa é cobrada em vários estabelecimentos de Buenos Aires.

O El Obrero funciona de segunda a sábado até as 16 horas.

A dica é não cair na armadilha dos restaurantes "pega turista" de Caminito. Afinal, eles oferecem comida normal a preços exorbitantes.

O El Obrero está a alguns quarteirões dali, num ponto pouco badalado e esquecido pelas autoridades locais.

Por isso, se quiser ir caminhando, como fez este blogueiro, tenha cuidado, pois a região é reconhecidamente perigosa.

Mas não importa como chegar - se de carro, ônibus ou a pé. O que importa mesmo é que ali é possível respirar a história de La Boca e também do time mais querido da Argentina, além, é claro, de comer e beber muito bem.




EL OBRERO
Agustín R. Caffarena, 64 - La Boca
Buenos Aires (Argentina)
Tel: 4362-9912

terça-feira, 10 de abril de 2012

"Muzzarella com panceta" (El Horno de Juan - Montevidéu, Uruguai)


Se você estiver no Uruguai, tome cuidado ao pedir uma pizza. Você pode tomar um susto ao perceber que, para eles, trata-se apenas de massa coberta por molho de tomates. E só.

O que para nós é pizza, para eles é muzzarella. E, para muitos, as melhores de Montevidéu são encontradas em El Horno de Juan, um misto de bar e pizzaria localizado no charmoso bairro Pocitos.

Com mesas espalhadas por dois ambientes - calçada e salão interno -, o local está sempre cheio e é frequentado por pessoas de diversas faixas etárias. De famílias com crianças a turmas de amigos que aproveitam os seus vinte e poucos anos.


Uma característica dos uruguaios é que o pedido deles é individual. Ou seja, cada um come sozinho a sua pizza, muzzarella ou faina, que é uma massa de farinha de grão-de-bico fininha e sem recheio algum.

Sobre as mesas não há talheres, azeite ou condimentos.

Todas as pizzas, muzzarellas e fainas são retangulares e chegam cortadas em pequenos quadrados. Quer dizer, são ótimos petiscos para se comer com as mãos, e, por isso, ninguém senta à mesa para comer rapidamente e ir embora.


Ali a conversa rola solta em companhia da leve cerveja Patricia, a 95 pesos uruguaios (R$9,50) a garrafa de 960ml.


Cada muzzarella custa 85 pesos (R$8,50), e metade dela custa 57 pesos (R$5,70).

As muzzarellas con gustos são aquelas que contêm ingredientes além da própria muçarela. Elas estão disponíveis em 17 versões e custam 115 pesos (R$11,50) cada. Meia-porção vale 75 pesos (R$7,50).

A de panceta é a mais popular e chega repleta de pequeninos pedaços de bacon e de presunto.


A massa é firme e crocante, e o molho levemente adocicado.




Outros sabores que se destacam são os de pepperoni, roquefort, ovo duro, cebola, champignon e a ótima de tomate natural, que é preparada com folhas de manjericão.


Com cardápio enxuto, El Horno de Juan não vende nada para comer além de pizzas, muzzarellas e fainas.

Cada pizza custa 47 pesos (R$4,70), e sua metade vale 35 pesos (R$3,50).

Os mesmos preços são cobrados pela faina, muito consumida pelo pessoal da velha guarda.


O balcão é disputado pelos clientes que fazem os pedidos para viagem, e, assim, o movimento entra madrugada afora.


El Horno de Juan é um bar simples e sem muitas pretensões, que serve pizzas rústicas e caseiras para acompanhar uma cerveja gelada. Não cobra serviço de garçom e é um excelente lugar para se gastar pouco em Montevidéu.


EL HORNO DE JUAN
Martí 3391 - Pocitos
Montevidéu (Uruguai)
Tel: 2707-8676