Do outro lado da Avenida Almirante Brown, na rua das oficinas mecânicas, num ponto afastado e nada turístico do bairro de La Boca, em Buenos Aires, se localiza o El Obrero, um bodegón onde é oferecida ótima comida a preços convidativos.
Com paredes repletas de antigas garrafas de cerveja, de quadros negros que informam as opções do cardápio do dia, de flâmulas de diversos times de futebol e de fotos de clientes famosos, o El Obrero tem clima informal e uma atmosfera maravilhosa.
Por ali já passaram dezenas de personalidades, entre elas Francis Ford Coppola, o baterista do Metallica, Lars Ulrich, o cantor Manu Chao, o técnico de futebol Carlos Bianchi e os integrantes do U2, Bono e Larry Mullen Jr., que conheceram o restaurante graças ao convite do cineasta alemão Wim Wenders.
O local é uma espécie de templo "xeneize maradoniano".
Explica-se. Fotos emblemáticas do Club Atlético Boca Juniors e de Diego Armando Maradona estão espalhadas por todos os cantos.
"Boca és el mejor del mundo. E Maradona és mas grande que Pelé y Messi", entusiasma-se um dos proprietários, o baixinho Pablo Castro, que faz questão de atender os clientes como mais um dos garçons da equipe.
Ele afirma que "El Pibe Diego" já parou seu Mini Cooper na porta do bodegón, mas que não entrou.
Ele afirma que "El Pibe Diego" já parou seu Mini Cooper na porta do bodegón, mas que não entrou.
O cardápio da casa oferece mais de 100 opções de carnes, omeletes, batatas, pescados, massas, saladas e sobremesas.
O couvert é formado pela tradicional cesta de pães, além de manteiga e azeite.
Para a entrada, as rabas al limón (anéis de lula à milanesa, acompanhados de limão) são imperdíveis. Afinal, elas são responsáveis por boa parte da fama do local.
Custa 45 pesos argentinos (R$18). A meia-porção sai a 38 pesos (R$15) e serve muito bem duas pessoas.
O casamento ideal para o bem preparado petisco, que, diga-se de passagem, não ficou borrachudo nem quando esfriou, é com a ótima cerveja Quilmes, que vale 23 pesos (R$9,20) na versão de 1 litro, e 19 pesos (R$7,60) a garrafa de 600ml.
Especialidade da casa, o ojo de bife especial é uma carne perfeita, pois é macia e entremeada por um pouco de gordura.
O suculento miolo do contrafilé tem cerca de 400 gramas e dá para duas pessoas. Custa 64 pesos (R$26).
Um pouco do perfumado chimichurri da casa basta para acrescentar sabor ao corte preparado na parrilla.
Para acompanhar, o atencioso Pablo Castro é enfático: tortilla a la espanõla!
Ele diz que é um clássico, já que ela foi colocada no cardápio por seu pai, que era espanhol e assumiu o El Obrero em 1954.
Deliciosa, a tortilla é preparada com ovos, batatas, cebola e linguiça.
Trata-se de uma espécie de omelete gorda, recheada com batatas cortadas grosseiramente, finas rodelas de cebola e linguiça calabresa de ótima qualidade.
É um prato farto e de personalidade. Custa 24 pesos (R$10).
EL OBRERO
Aberto em 1902, o El Obrero mantém o clima retrô e é cultuado por muitos portenhos.
Na comanda, que chega à mesa com anotações feitas à caneta, são adicionados 10 pesos (R$4) relativos ao cubierto, que é aquilo que o restaurante cobra para garantir a reposição do que é considerado importante oferecer ao cliente, como copos, guardanapos de pano, talheres etc. Essa taxa é cobrada em vários estabelecimentos de Buenos Aires.
O El Obrero funciona de segunda a sábado até as 16 horas.
A dica é não cair na armadilha dos restaurantes "pega turista" de Caminito. Afinal, eles oferecem comida normal a preços exorbitantes.
O El Obrero está a alguns quarteirões dali, num ponto pouco badalado e esquecido pelas autoridades locais.
Por isso, se quiser ir caminhando, como fez este blogueiro, tenha cuidado, pois a região é reconhecidamente perigosa.
Mas não importa como chegar - se de carro, ônibus ou a pé. O que importa mesmo é que ali é possível respirar a história de La Boca e também do time mais querido da Argentina, além, é claro, de comer e beber muito bem.
EL OBRERO
Agustín R. Caffarena, 64 - La Boca
Buenos Aires (Argentina)
Tel: 4362-9912